Na segunda-feira, dia 26 de Setembro saímos em direcção a Marrocos. Depois da reorganização da mala avançamos para Triana para a visita aos pais do Pablo. Almoçamos, um belo manjar Sevilhano. Mais uma vez sinto que as despedidas são um momento que apetece ultrapassar, ou pelo menos vivê-lo em ausência. Não gosto nada de despedidas e também no gostei desta. De repente parece que vamos sair sem voltar á terra original… e isso transmite uma melancolia, só terminada depois de pensar que o motivo desta partida é a realização de um projecto já antigo.
Demoramos umas 2 horas a chegar a Algeciras, onde apanhamos o barco até Tanger. Viajamos na companhia IMTC, tendo a viagem demorado cerca de 1 hora e meia. O tempo de espera no porto foi de ansiedade. Com um atraso de quase uma hora o Ferry iniciou o percurso, cruzando os 13 km, que separam África da Europa. Poucos passageiros e a maioria Marroquinos imigrados na Europa. Carimbamos o passaporte a bordo do barco e á chegada, as formalidades pela condução de um veículo espanhol atrasaram-nos mais um pouco. Da última vez que tínhamos estado em Marrocos o barco chegou mesmo ao centro da cidade de Tânger, mas desta vez foi usado o novo porto, que fica a 52 km da cidade.
Cento de dez km depois estávamos em Larache. A irmã do Pablo tem uma casa remodelada na medina da cidade. Uma casa espetacular, ideal para uma escapada a Marrocos… Jamal, um amigo de Marrocos recebeu-nos com um chá de menta bem merecido depois de um dia cansativo.
Durante a noite, pelas 4 horas da madrugada ocorreu o típico de Marrocos. Despertar com os cânticos religiosos da Mesquita mais próxima. O som exótico dura pouco, pelo que o sono foi contínuo até as 9 horas.
A Medina de Larache está muito bem conservada em termos de arquitectura e mantém uma vida autenticamente marroquina. Aproveitamos para trocar algum dinheiro e tomar um sumo de laranja na Praça de Espanha. Fomos abordados por um homem que se sentou na nossa mesa. Pouco depois éramos já 5 pessoas á mesma mesa, conversando numa mistura de português, francês e espanhol.
Seguimos em direcção a Rabat. Pelo caminho a paisagem é dominada por enormes extensões de campos decorados por estufas e homens e mulheres que tratam os frutos e legumes que serão depois levados para os mercados. Na berma da estrada a cada passo encontrava-se alguns homens normalmente vestidos, com uma pasta preta na mão, como se acabassem de sair do escritório. Pediam boleia mesmo ali, entre a auto-estrada e os campos cultivados.
Chegamos Rabat e ficamos surpreendidos com a quantidade de polícias na rua, como se algum acontecimento diplomático fosse surgir em qualquer esquina. Encontramos facilmente a embaixada da Mauritânia, graças á simpatia dos polícias e ao nosso escasso vocabulário de francês.
A embaixada da Mauritânia estava já fechada, uma vez que já passava das 15 h. Aconselham-nos a voltar no dia seguinte pelas 9 horas para pedir o visto.
Uma vez que estava na mesma rua, dirigimo-nos á embaixada do Mali. A simpatia das pessoas nesta embaixada fez com que em 1 hora conseguíssemos o visto no Passaporte. Por 250 Dirham cada um e duas fotografias conseguimos o visto. Quando fizemos o pedido disseram que só no dia seguinte poderia ser recolhido, no entanto, íamos já em direcção ao carro quando ouvimos um grito e um assobio. O recepcionista fazia-nos sinal para voltar… “Monsieur , afinal fica pronto hoje…” Excelente!
No dia seguinte dirigimo-nos á embaixada da Mauritânia. Há chegada á rua da embaixada , que por coincidência é a mesma de Portugal, reparamos na quantidade de carros estacionados de pessoas que solicitam o mesmo visto. A fila era enorme! Depois de preencher os formulários e juntar 2 fotografias e a cópia do passaporte entregamos os papéis, pagando 340 Dh por cada pessoa. Mais caro que o do Mali e mais demorado. “Vendredi a 15 h…”. Isso significava mais 2 dias por Rabat!
Depois disto fomos a um mecânico para tentar reparar a tomada de 12 V onde habitualmente ligamos o GPS. Paramos numa bomba de gasolina e perguntamos onde nos poderião reparar aquela avaria eléctrica. Um dos funcionáriosa bomba montou-se conosco no carro e levou-nos a uma pequena oficina onde o dono da oficina depois de tentar diagnosticar o problema, com um “busca-polos” concluiu que a peça de encaixe do isqueiro estaria danificada… “C’est cassé!” dizia ele. Por 50 Dh reparou o problema. De facto a capacidade de resolução de pequenos problemas desta gente é notável e mais uma vez se prova o sentido prático que apresentam.
Antes de voltar á embaixada da Mauritânia visitamos o Mausoleu de Hassan II.Um bonito espaço, rodeado por uma muralha, com vários pilares de pedra, uma torre e o Mausoleu, onde está enterrado o rei Hassan II.
Durante a espera na embaixada da Mauritania tínhamos conhecido os dois portugueses que conduziam um todo-terreno de matricula portuguesa. Dois amigos que decidiram largar as vidas, em tempos, estáveis em Portugal e viajar em direcção a Angola, onde tentariam um novo negócio. Mais dois portugueses que rumam á terra das oportunidades. Quando os conhecemos tinham estado a conversar com um Mauritaniano, que lhes prometeu em troca de 300 Dh conseguir o visto no próprio dia. Para além disso, pelos contactos que dizem ter, tinham já contactado com alguém da embaixada portuguesa em Rabat para o mesmo fim. Ficamos com eles na esperança de também nós conseguirmos o nosso visto no próprio dia. Ás 15 horas lá estávamos, mas o pretendido não foi possível e obtivemos obviamente a mesma resposta: “Vendredi a 15 h…” Desta vez continuamos pela costa e acampamos em Skirhat, num parque de campismo junto á estrada.
No dia seguinte, 29 de Setembro de 2011, decidimos visitar Fés uma vez que tínhamos que esperar mais um dia. Percorremos quase 200 km entre Rabat e Fés. O encanto desta cidade Patrimonio da Humanidade, é a sua medina, rodeada por uma enorme muralha. A medina é labiríntica e é muito fácil perder-se no seu interior. Todas as ruas parecem iguais, e mesmo para aquele com o melhor sentido de orientação desorienta-se ao primeiro momento.
Quando chegamos ao parque de campismo Internacional que se encontra a cerca de 5 km fora da cidade, conhecemos uma rapariga, de nome Melouda, que se ofereceu para nos mostrar a medina. E assim foi! Mostrou-nos os mercados, as mesquitas e as casas de curtumes, com os espantosos tanques onde os homens tratam as peles desde que as recebem até que as tingem das diferentes cores. Curioso que as cores são todas naturais, sendo que a mais difícil e cara é o amarelo, pois deriva do Acafrão. Desde há 10 anos que tinha estado em Marrocos, tudo continua igual…
Uma tarde bem passada, com o merecido descanso, já que amanhã voltamos a Rabat para recolher os passaportes com o respectivo visto da Mauritânia.
Ora, até que enfim boas notícias 🙂
Os sobrinhos já têm um planisfério para seguirem a viagem.
Continuação de boa viagem e não se esqueçam: “Vendredi a 15 h”, porque o SIMPLEX do Mali ainda não chegou a toda a África 🙂
Abraço
Gracias por tus comentarios hermanito!. Me encanta no decaigais en vuestros comentarios a medida que avanceis y esteis más cansados porque os queremos seguir leyendo, ya que no podemos acompañaros fisicamente….(ahí va la cursilada….) OS ACOMPAÑAMOS CON EL CORAZÓN, toma ya!!! Besosssss
Que bela descrição do inicio de uma grande viagem… Por momentos senti que afinal parece que não estamos tão longe!!! 🙂
Continuem essa grande aventura com tudo de bom…por cá espero poder continuar a “viajar convosco” neste blog (eu e todos os outros!) 🙂
Beijinhos, Ana
Queremos fotos Carlinhos!!! 😉